Lucio Alvarez de Souza

Lucio é um homem com '20 e tantos anos', estatura baixa, olhos amarelo brilhante(cortesia da afinidade com conhecimento), os braços cobertos por tatuagens e decorados com cicatrizes;
Uma personalidade alegre, extrovertida, um tipo de confiança que se mostra treinada;
Olhos cansados, cabelos cacheados sempre esvoaçados, todos ja conhecem seu jeito, e todos ja o viram lá durante as madrugadas, solucionando casos bem antes do nascer do sol.

pinterest // art fight

O Lucio é um 'ordemsona' ou seja, um personagem criado para ou inspirado no sistema de Ordem Paranormal, o Lucio foi o primeiro personagem que eu criei depois de assistir ordem, e o primeiro que eu joguei e ainda jogo (06/06/25) numa campanha de verdade, ele é um dos meus ocs com a maior consistência de lore, especialmente por ter sido criado com propósito, mas também um dos mais inconsistentes, ja que eu to sempre mudando o design dele.

Sumário

LORE GERAL

Lucio nasceu dia 23 de dezembro no ano de 1996, e sua história se passa em uma cidade litorânea no interior de São Paulo;
ele foi criado pelo seu pai, Armando Alvarez, e nunca conheceu sua mãe, Lucio teve uma infância desinteressante, tinha poucos amigos na escola e não praticava esporte algum, sempre gostou de desenhar;

mais ou menos na quarta série fez um amigo que se destacou entre os outros, Lorenzo Sorrentino era um garoto negro magrelinho, com olhos verdes, Lorenzo não falava português, era imigrante italiano, os dois se tornaram amigos por acaso, uma dupla em um trabalho de escola;

ele aprendeu italiano enquanto ensinava português pra Lorenzo, a maioria de suas tardes eram com ele, na praça, na rua da escola, na casa do garoto e ocasionalmente na praia.

Lorenzo foi o primeiro que soube quando Lucio descobriu que era trans, o primeiro a testar o nome novo, Lucio sempre amou como soava no sotaque dele.

o pai de Lucio não era muito presente, sempre no trabalho, uma oficina de esquina; e muito menos era amigável, um rosto naturalmente bravo, barba rala e completamente preta até os dias de hoje; Lucio chutaria que ele sente raiva, que se arrepende de ter se envolvido com a mulher que Lucio devia chamar de mãe, de todas as escolhas equivocadas que tomou pela pouca idade, de tudo que tem a ver com Lucio; até quando criança ele ja tinha dúvidas, seu pai parou de aparecer nas apresentações da escola em alguma parte do fundamental um, nunca quis conhecer seus amigos, encarava Lorenzo com um certo desdém.

aos dezesseis anos Lorenzo teve sua própria casa, não exatamente sua e não exatamente uma casa mas isso pouco o importava, seu pai tinha ganhado um barracão como presente de um amigo que estaria se mudando do brasil e instantâneamente Lorenzo tomou posse do lugar, e Lucio como com quase todas as outras coisas compartilhou isso com ele também. Lorenzo mesmo depois de anos falando a língua ainda tinha forte sotaque no português, Lucio mesmo depois de anos ouvindo ainda pronunciava arrastado várias sílabas do italiano e os dois viviam mais no barracão velho do que em casa e aos poucos Lucio ia de volta pra sua própria casa duas vezes por semana e só, o bastante pra pegar mais roupas, o bastante pra dar boa noite pro seu pai; e depois que ele teve a coragem de falar a verdade pra ele, disse e reforçou que era homem, não voltou nunca mais.

e talvez era do que ele precisava, manhãs de escovar os dentes juntos, de ir ao dentista com um ao outro, de ir de noite pra praia simplesmente por que estavam com vontade; Lucio, mesmo que não estivesse mais indo ao colégio(tinha medo de seu pai aparecer, medo de ele o procurar lá), desenhava todo dia, pintava mais, todas as manhãs ia pra praça perto da praia, pintava telas pequenas da paisagem e vendia para quem passava, os turistas principalmente adoravam.

no dia 24 de dezembro de 2014, no aniversário de 18 anos de Lorenzo sua vida virou do avesso, Lorenzo saiu de casa de manhã pra ir na padaria, se despediu de Lucio, saiu com nada além de si própio e uns trocados e não voltou mais pra casa;

e na noite do dia 27, três dias depois de desaparecer, Lucio o encontrou, seguindo um barulho nos arbustos enquanto voltava pra casa se deparou com Lorenzo, mas não o Lorenzo que ele conhecia.

sua pele antes negra agora estava tomada por uma espécie de gosma vermelha, seu rosto dividido entre um olhar vazio, seus olhos verdes sem brilho algum; e a falta completa de qualquer característica que o identificava; ali, naquela rua, em meio aqueles arbustos o que Lucio encontrou não era Lorenzo, pelo menos não mais.

Lucio lutou com a forma mutilada de Lorenzo, mas acabou sofrendo cortes no rosto, feitos em parcelas diferentes mas se conectando um ao outro, dando a impressão de uma cicatriz contínua.

depois desse evento Lucio correu para própria casa, buscando alguma forma de lidar com o que ele tinha acabado de presenciar, e no outro dia, perto das cinco da manhã foi 'acordado', mesmo que não tenha dormido fora as vezes que desmaiou pela exaustão antes de acordar de novo pela dor, de qualquer forma foi despertado por batidas bruscas na porta, vozes falando bem próximas como se não quisessem o alarmar e Lucio entrou em pânico, suas roupas estavam cobertas por sangue, seu rosto escondido por faixas, ele não abriu a porta.

então abriram por ele.

o homem que entrou em sua casa devia ter por volta dos trinta anos, provavelmente destrancou a fechadura por fora, tinha olhos cansados, tinha uma mão na porta a fechando devagar enquanto a outra ficava na frente como quem lida com um animal selvagem.

ele explicou tudo pra ele, disse que seu nome era Manoel, que ele era de uma organização secreta, que o monstro que Lucio tinha visto tinha um nome, disse que sentia muito por seu rosto, que sabia que Lorenzo era seu amigo, que sentia muito por isso também.

Lucio chorou mais do que tinha chorado em meses e quando parou respondeu as perguntas de Manoel, disse tudo que lembrava sobre o que viu mesmo que pudesse sentir o tremor em suas mãos, mesmo que pudesse sentir a ardência em seus olhos, a dor em seu rosto.

o funeral foi pequeno, Lorenzo não tinha muita família, tinha poucos amigos, seus pais choraram imensamente, não discursaram, a foto em sua lápide era uma recente, tirada para ser uma 3x4 que não pode ser escolhida pelo sorriso do garoto, Lucio voltou pra casa só muito depois, tocou o próprio rosto agora coberto apenas por curativos, pensou profundamente sobre a história para morte de Lorenzo que Manoel inventou, sobre como não acharam seu corpo, sobre como Lucio tinha sido atacado por alguém ao voltar sozinho pra casa, como conseguiu escapar mas não se lembra de nada sobre.

poucos dias depois ligou para o número que Manoel o deixou, disse que precisava fazer algo, que aceitava se juntar a ele e a organização que ele chamou de 'Ordem'.

disse aos pais de Lorenzo que tinha conseguido um emprego, tentou evitar ao máximo a voz embargada ao falar no telefone, respirou fundo antes de responder que estava bem.

teve pouco treinamento, não ia em missões, trabalhava de assistente, de tudo que podia, não tocava a bateria, não desenhava ou pintava mais, passou três anos desse jeito, em uma espécie de pânico lento, uma dor aguda no peito quando via a guitarra encostada na parede de casa, quando almoçava com seus pais e via as fotos Lorenzo nas paredes.

com o tempo pegou mais coragem, perdeu o medo das missões, encarou um zumbi de sangue no olhos e o matou, transcendeu, se tornou ocultista, se forçou a ser de toda maneira corajoso, adotou atitude confiante, aprendeu aos poucos a sorrir de novo.

hoje vive de missão em missão, na maioria das vezes sozinho, tem medo morte de si mesmo mas tem mais medo de não evitar a morte de outro, tenta desesperadamente evitar a própria casa, as próprias memórias, hoje toca a bateria de novo, tenta uns acordes na guitarra, pinta nos dias calmos.